DOSSIER  DOSSIER  DOSSIER  DOSSIER  DOSSIER  DOSSIER 
Medio     Ambiente    Regional  
 
Recursos minerais, mineraçao    
e meio ambiente(*) 
 
O Instituto de Geociências, da Universidade Estadual de Campinas foi fundado em 1979 e todo o seu processo de implantação teve como responsável o geólogo, natural da Argentina, Prof. Dr. Amilcar Oscar Herrera. Até 1997, 
as atividades de ensino e pesquisa estavam concentradas apenas na pós-graduação, desenvolvidas em quatro departamentos e uma área: Departamento de Administração e Política de Recursos Minerais, Departamento de Política Científica e Tecnológica, Departamento de Metalogênese e Geoquímica Aplicada, Departamento de Geociências 
Aplicada ao Ensino e Área de Geologia do Petróleo. No primeiro 
semestre de 1998 terá início o curso de graduação “Ciências da Terra”, 
que formará geógrafos e geólogos.
 
 
 
A linha de pesquisa “Recursos Minerais, Mineração e Meio Ambiente”, desenvolvida junto ao Departamento de Administração e Política de Recursos Minerais tem como principal objetivo, desenvolver estudos acerca dos elementos que condicionam a inserção da mineração, dentro do novo padrão de exigências do desenvolvimento sustentável.  Entende-se mineração como a atividade que visa extrair economicamente os recursos minerais da crosta terrestre e que compreende: pesquisa, desenvolvimento, lavra e beneficiamento. Estabelece-se ainda como premissa que os recursos minerais são aqueles dentre os bens naturais que constituem a principal e mais substancial base de recursos materiais para o sustento da civilização moderna, ou seja, constituem-se na principal fonte de insumos materiais e energéticos indispensáveis à existência do homem moderno. 
Outros pressupostos destes trabalhos, dizem respeito ao conceito de racionalidade relacionados ao desenvolvimento da atividade e de austeridade no consumo de recursos minerais. Neste sentido, são enfatizados os estudos de princípios e ferramentas do macrogerenciamento ambiental, vinculados às ações do governo, e dos mecanismos e instrumentos de gestão ambiental utilizados pelas empresas, ambos buscando a redução da degradação ambiental e a ampliação da conservação da base de recursos naturais. Os dois enfoques aplicam-se tanto às formas de condução da atividade quanto às formas de utilização dos recursos minerais.  No caso do macrogerenciamento ambiental, configura-se a política ambiental entendida como o conjunto de procedimentos e instrumentos de política, utilizados pelas instituições governamentais, objetivando prevenir, monitorar e corrigir impactos resultantes das atividades humanas sobre o meio ambiente, além de administrar situações de conflito entre usuários do meio ambiente. 
Dentre os mecanismos adotados pela setor empresarial destacam-se os instrumentos de gerenciamento ambiental, como a principal resposta diante da crescente pressão exercida pelos diversos segmentos da sociedade. Trata-se de um conjunto de operações técnicas e atividades gerenciais que visam assegurar que um empreendimento opere dentro dos padrões legais ambientais exigidos, minimize seus impactos ambientais, mantenha um bom relacionamento com a comunidade e atenda           aos demais objetivos empresariais. Busca-se a compreensão acerca da incorporação da variável ambiental na prática das empresas, com especial atenção à análise do processo de certificação pela norma de gestão ambiental, a ISO 14001 e de seus resultados.  Em síntese, as pesquisas desenvolvidas dentro desta linha, buscam contribuir para a busca da sustentabilidade da mineração e do uso dos recursos minerais, de forma coerente com as premissas do desenvolvimento sustentável, que atualmente devem nortear toda atividade humana. 
Nesta área, as pesquisas já desenvolvidas demonstram que os passos que têm sido dado em direção ao desenvolvimento sustentável tem estabelecido mecanismos de eficiência crescente no que concerne ao cumprimento de dois aspectos da sustentabilidade ambiental: o ecológico e o econômico. A incorporação de aspectos da sustentabilidade social, enquanto melhoria de bem estar ou maior eqüidade social, demonstra ser mais difícil, porque exige muito mais do que o desenvolvimento ou absorção de novas técnicas ou novos procedimentos gerenciais. Ela exige o rompimento de antigos valores e adoção de outros valores novos ou esquecidos, relacionados com princípios éticos. O comportamen-to de grandes empresas em resposta às formulações do desenvolvi-mento sustentável, refletem essa situação, indicando que brevemente o componente social será o único fator que permanecerá condicionando o desenvolvimento sustentável. 
Novas iniciativas de gerenciamento ambiental associadas à pesquisa e  desenvolvimento tecnológico, num primeiro momento significam custos adicionais, porém, logo em seguida, a melhoria da performance ambiental tem conduzido as empresas a melhorias na performance da planta, acompanhadas por significativas economias de recursos. Nos países do Primeiro Mundo, em geral, essas respostas são dadas em função da atuação do Estado que estabelece normas e padrões ambientais cada vez mais rígidos, também respondendo a pressões anteriores da sociedade. Todavia, ações e reações parecem concentrar-se apenas na eficiência econômica e ecológica. 
A diferença que se estabelece entre empresas mais ou menos poluidoras associa-se à capacidade de inovação tecnológica ou de absorção de tecnologias disponíveis. Limitações de capital, de recursos humanos e de obsolescência tecnológica são fatores freqüentemente associados às empresas com maiores níveis de degradação ambiental. Da mesma forma,  como gestão ambiental eficaz está associada com disponibilidade de recursos e capacidade inovadora, esses dois componentes associam-se freqüentemente com melhoria de competitividade e por conseguinte, com maiores fatias de mercado. Predominantemente os condicionantes são fatores técnicos e financeiros, ao lado de argumentos vinculados com a melhoria do desempenho econômico, como o principal elemento de motivação para a melhoria do desempenho ambiental. Em resumo, os resultados tem possibilitado a avaliação do comportamento de empresas de mineração brasileiras, frente às novas exigências determinadas pelo desenvolvimento sustentável, fundamentando quase que a totalidade das formulações anteriores.
Ainda como parte desta mesma linha de pesquisa, destacam-se os estudos relacionados com os recursos minerais, seus usos e sua sustentabilidade. Eles são desenvolvidos focando a disponibilidade destes bens, uma vez que pertencem à categoria dos não-renováveis (ou exauríveis), e serem freqüentemente associados à idéia de exaustão, escassez e, portanto, insustentabilidade. Os resultados das pesquisas desenvolvidas neste campo, buscam demonstrar que a quantidade total de recursos eventualmente disponíveis para a humanidade é um dado intrinsecamente impossível de ser conhecido, dado o caráter dinâmico do conceito de reservas minerais, entendendo que os termos usados para defini-las, tais como, quantidade, tipo, concentração, etc., deveriam ser compreendidos como variáveis que podem mudar com o tempo, diante de novas tecnologias e alterações das condições econômicas e políticas. Ou seja, das previsões de situações críticas, escassez e catástrofes envolvendo os recursos minerais, desde os economistas clássicos, até o Relatório do Clube de Roma, o mundo moderno assiste a situações opostas às previsões. Desde então há com oferta crescente, para a maioria dos recursos minerais, em nível mundial, situação esta acompanhada por preços declinantes em termos reais, verificados, da mesma forma para a maior parte desses produtos,. No caso do estanho, o qual, segundo o Relatório, estaria esgotado em 1987, ocorreu, neste mesmo ano, uma situação de super-oferta, queda de preços, provocando o fechamento de muitas minas. 
Outras falsas conclusões tem sido contestadas nestas pesquisas. O fato da terra ser finita não permite a dedução, aparentemente correta, de que os recursos da terra também o são, pois é enganoso o raciocínio, comumente utilizado, que equipara recursos  finitos a recursos esgotáveis, como um argumento irrefutável da catástrofe final, apesar de se tratar de conceitos totalmente distintos.  A maior parte dos recursos minerais da terra possui a qualidade única, já mencionada antes, de serem indestrutíveis, de serem incorporados apenas temporariamente aos produtos, e depois serem reintegrados ao processo produtivo outras vezes. 
Finalmente, ressalte-se que são preocupações presentes na linha de pesquisa: estimular a  integração do conceito de desenvolvimento sustentável nas decisões governamentais; buscar formas que assegurem a competitividade da indústria de mineração brasileira, num contexto comercial globalizado; promover a participação da sociedade em atividades que envolvam as decisões relacionadas com a atividade; promover o uso seguro dos recursos minerais; contribuir para a promoção do conhecimento científico para melhorar tanto a competitivi-dade da empresa, quanto a gestão ambiental e a qualidade de vida da sociedade.

 
(*) Dra. Rachel Negrão Cavalcanti 
Instituto de Geociencia.
Universidad de Campinhas - Brasil